A Máquina do Tempo - H. G. Wells

"Estamos saindo a cada instante do momento presente. Nossa existência mental, que é imaterial e não tem dimensões, desloca-se ao longo da Dimensão-Tempo com uma velocidade uniforme, do berço ao túmulo. Da mesma forma que viajaríamos para baixo se começássemos nossa existência cinqüenta milhas acima da superfície da terra."

"Você está equivocado ao dizer que não podemos deslocarmos livremente no tempo. Por exemplo, ao me lembrar vividamente de um incidente, volto ao momento em que ele ocorreu. Estou com o espírito ausente, como se costuma dizer. Dou um salto ao passado. Naturalmente, não temos condição alguma de permanecer no passado por qualquer extensão de tempo, assim como um selvagem ou um quadrúpede não pode permanecer no ar dois metros acima do solo. Mas o homem civilizado dispõe de muito mais recursos que o selvagem, e pode desafiar as leis da gravitação num balão. E por que não pode ele esperar que um dia, finalmente, consiga parar ou acelerar seu curso ao longo da Dimensão-Tempo, ou mesmo virar-se e viajar na outra direção?"

"O vigor é um produto da necessidade; a segurança é um convite ao enfraquecimento."

"É inútil ficar sentado em meio a todas essas coisas desconhecidas, tentando resolver um enigma. Você acabará monomaníaco. Encare este mundo. Aprenda-lhe os costumes, observe-o, não tire conclusões apressadas. No fim você acabará encontrando todas as respostas."

"É uma lei natural, por nós menosprezada, que a versatilidade intelectual é a compensação para mudanças, os perigos e as dificuldades. Um animal em perfeita harmonia com seu meio torna-se uma perfeita máquina. A natureza nunca recorre à inteligência, a menos que o hábito e o instinto sejam insuficientes. Não há inteligência onde não há mudanças nem necessidade de mudanças. Só desenvolvem a inteligência aqueles animais que tem que enfrentar uma enorme gama de perigos e necessidades."