A Mídia e seus Truques - Nilton Hernandes

“Talvez um dos maiores problemas na análise do jornalismo seja a confusão, a mistificação e até mesmo a ingenuidade que cercam a discussão sobre verdade. O senso comum vê a realidade como definitiva, pensa a existência de um mundo único e de uma verdade inquestionável. No entanto, qualquer aspecto da realidade é muito mais complexo do que podemos dar conta. Estamos condenados a dar sentido a certas experiências.”

“O problema maior é que cada pessoas acha que seu direcionamento, que sua limitação na maneira de interpretar a realidade, é a própria realidade. Que a parte é o todo. Que o mundo é o mesmo para todos. Ou seja, o que ela vê, sente e interpreta é o que todo mundo também vê, sente e interpreta.”

“É a ideologia que faz com que cada um tenha uma apreensão da realidade bastante distinta.”

“Este trabalho não nega a existência da realidade. Só existe acesso ao real, porém, por via dos discursos, da linguagem, de uma visão de mundo.”

“Podemos perceber que o potencial de atração da notícia, cuja isca é a manchete, é proporcional à projeção do público nos dramas mostrados.”

“O discurso ocidental marca a rotina com valores negativos, disfóricos, ligados à acomodação, à falta de ambição material e espiritual, entre tantos outros. Se pudermos afirmar que o ser humano precisa se libertar da rotina para se sentir mais vivo, parte integrante do mundo e da humanidade, o jornal, na tentativa de satisfazer essa necessidade, promete continuamente chacoalhar o cotidiano, fazer o sujeito viver emoções e paixões com seu recorte, ordenamento e apresentação dos acontecimentos do mundo.”

“O jornalismo cria expectativas para se auto-alimentar.”

“Ciro Marcondes filho, por outro lado, assevera que tudo o que o jornalismo produz é rápido demais, emocional e superficial: ‘Tudo vai direto para o lixo, tudo é esquecido, tudo desaparece instantaneamente. Nenhuja notícia sobrevive, nenhum relato é suficientemente trabalhado para criar raiz, tudo evapora. [...] Uma máquina incessante de fazer o nada’.”